Ironias catastróficas
Parece irónico que nestes tempos, em que toda a gente tenta perder os tais quilinhos da festa de anos da amiga, estejamos cada vez a ficar mais gordos. Não há volta a dar-lhe – Portugal é cada vez mais uma nação obesa! Os números confirmam-no e, infelismente, há motivos para alarme! Até há bem pouco tempo a obesidade era mais incidente na faixa etária adulta. O que está a acontecer agora é mais aterrador que um filme de terror. São as nossas crianças que estão gordas! Antes do 25 de Abril a obesidade infantil era rara. Em 2002, 28% dos rapazes e 33% das raparigas eram considerados obesos ou tinham excesso de peso. O último estudo feito em Portugal mostra que mais de metade dos portugueses são obesos ou estão na eminência de se juntar ao clube. Se está a ler isto e ainda não está preocupado leia outra vez, não deve ter percebido bem.
Culpado ou inocente?
Na realidade, seria brutal e injusto dizer que somos gordos porque somos gulosos. Os últimos anos trouxeram-nos a confirmação que a obesidade tem uma grande componente genética, isto é, que passa de pais para filhos. Os grandes responsáveis da tendência para a obesidade hereditária são os desequilíbrios hormonais, especialmente os ligados a mecanismos de regulação da fome, da digestão e do armazenamento da energia generada pela ingestão dos alimentos. No entanto, isto que não sirva de desculpa – saber o que comer é impreterível. Optar por óleos prensados a frio (como o azeite), por gorduras provenientes de frutos secos, trocar o hamburguer por um peixe grelhado, o saco de batatas fritas por uma peça de fruta ou o refrigerante pelo sumo natural são coisas que fazem sentido a qualquer um. Não é preciso ser um génio para se seguir uma dieta equilibrada mas é preciso ter-se vontade.
Sedentários, preguiçosos e condenados
Mal chega a casa vai logo para o computador. Tem que ser porque daqui a bocado começam os desenhos animados e depois os trabalhos de casa. Enquanto que o computador arranca, uma corridinha à cozinha para ir buscar um copo de refrigerante. As bolachas estão ali, a chamar por ele. Por esta altura o computador já está pronto e leva o saco das bolachas com ele. Soa familiar? Em média uma criança portuguesa passa 3 horas diárias em frente da televisão. Uma ou duas horas a fazer os trabalhos de casa. Junte-se a isto mais 6 horas sentado na sala de aula e oito a dormir. Fazendo as contas, vemos que o jovem actual passa cerca três quartos do dia parado. Juntando estes dois bocados de informação não podemos ficar admirados quando nos dizem que estamos quase tão gordos como os malfadados americanos. Mais! Um estudo recente revela que enquanto que jovens que não possuem computador têm um probabilidade de 6% de ficarem obesos, jovens que passam três horas em frente da ecrãn tem 30% de probabilidades. Reflita e reveja o quotidiano do seu filho, por favor.
Consequências
A relação entre a obesidade e a prevalência de diabetes é quase perfeita. Para alguns, diabetes é uma doença que não assusta. Basta um suplemento de insulina (que é comparticipada pelo estado na totalidade) e, como se diz na gíria, está o caso arrumado... Não, não está! Quem sofre de diabetes tem uma alta probabilidade de ter problemas cardiovasculares (que são a principal causa de morte nos países desenvolvidos) e menos 10 anos de espererança média de vida. Para além disso, a obesidade custa mundos e fundos ao estado. Calcula-se que cerca de 4% do orçamento da saúde (€200 milhões) sejam gastos anualmente devido à obesidade. É dinheiro suficiente para pagar uma expo1998 ou para construir dez (!!) estádios municipais! Dinheiro esse que poderia ser gasto, por exemplo, para eliminar as listas de espera nos hospitais portugueses.
Soluções
Ricardo De Sousa Peixoto
5 comentários:
Muito simples.
Quando uma sociedade tem certos hábitos de trabalho e quotidiano e quando cada vez se tem máquinas para realizar o seu trabalho é normal que as crianças sejam preparadas para esses mesmos hábitos.
Quantos de nós já não pensaram que os miúdos agora já não fazem carrinhos de rolamentos, não jogam à bola e passam o tempo a jogar computador ou a ver televisão???
Penso que os culpados não são só os pais dos miúdos, mas também a televisão com constantes apelos ao consumismo de alimentos e tecnologia, e a sociedade em geral que pede que cada um de nós, e cada vez mais cedo domide as tecnologias, dado que estas são o nosso ganho pão.
Será que interessa que os miúdos saibam plantar batatas ou ligar o computador?? E há cinquenta anos atrás???
Por outro lado, o relatado pelo Ricardo fez-me lembrar o hábito que nós tinhamos em andar a pé em Edimburgo. Talvez as pessoas em Portugal, dados hábitos antigos adquiridos ao longo dos tempos, sejam demasiado comodistas e ansiosas, esquecendo-se de que andar a pé não tem que ser necessariamente um esforço, podendo ser um prazer.
Levar com uns raios de sol nas fussas e com uma brisa marítima nas estensões capilares, só nos traz de volta à terra e pensar no quanto somos estúpidos e materialistas ao não dar importância à nossa ligação à natureza e ao quanto podemos usufruir e lucrar a nível físico e mental.
Estamos a deixar que o capitalismo e o consumismo deixe tomar conta das nossas vidas e da nossa saúde.
Será bom que cada português pense bem no que está a fazer.
PAlmeida
Tens razão quanto à atitude que cada indivíduo tem que ter. Mas também tem que haver uma atitude do governo para mudar isto. Desde as refeições escolares à proibição de ter chocolates e batatas fritas expostos nas filas dos supermercados (perto das caixas). Sabes que mais de 80% dos chocolates comprados estão a menos de 1 metro da caixa? Porque não pôr lá fruta? Porque não investir nos transportes urbanos?
Em Braga, digo-te porquê. Porque o Mesquita tem o rabo preso e se cobra para entrar com um carro no centro da cidade "perde" os amigos Rodrigues e Névoa.
Porque é que a minha irmã vai para a FacFil (20 minutos a pé) de carro, quando desde tirar o carro da garagem até estacionar o carro e chegar à FacFil demora 20 minutos? Porque é que o meu pai vai de carro para a Universidade se demora menos tempo a lá chegar a pé? Os números não enganam e no nosso caso temos mesmo que nos pôr a pau!
se não já fomos....de carrinho:)
Há hábitos dificeis de mudar... Olha o Chico que durante muito tempo levava o carro para a Universidade e deixava junto a Bracalândia...
Mais te valia ir a pé...
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