15 setembro 2006

Capoeira

A capoeira é uma mistura de luta, arte marcial, cultura popular, musica e brincadeira. Foi desenvolvida por escravos africanos trazidos do Brasil, é caracterizada por movimentos ágeis, feitos com frequência, junto ao chão, tendo por vezes uma forte componente acrobática. Uma característica que a distingue de outras lutas, é o facto de ser acompanhada por música.

Durante o século XVI, Portugal enviou escravos para a América do Sul, provenientes da África Ocidental. O Brasil foi o maior receptor de escravos, com 42% de todos os escravos enviados através do Atlântico.

Os negros trouxeram consigo para o Novo Mundo as suas tradições culturais e religião. A homogeneização dos povos africanos sob a opressão da escravatura foi o catalisador da capoeira. Esta foi desenvolvida pelos escravos do Brasil como forma de resistir aos seus opressores, praticar em segredo a sua arte, transmitir a sua cultura e melhorar a sua moral. Há registos da prática da capoeira nos séculos XVIII e XIX nas cidades do Rio de Janeiro, Recife e Salvador, porém durante anos a sua prática foi considerada subversiva, era proibida e duramente reprimida. Em 1932, Mestre Bimba fundou a primeira academia de capoeira do Brasil em Salvador. Mestre Bimba acrescentou movimentos de artes marciais e desenvolveu um treino sistemático para a capoeira, estilo que passou a ser conhecido como Regional. Em contraponto, Mestre Pastinha misturava a tradição da capoeira com um jogo matreiro, de disfarce e ludibriação, estilo que passou a ser conhecido como Angola. Da rivalidade desse dois grandes mestres, a capoeira deixou de ser marginalizada e espalhou-se da Bahia para todos os estados brasileiros.

A Roda de Capoeira é um círculo de pessoas onde é jogada a capoeira.

Os capoeiristas perfilam-se na roda de capoeira batendo palmas no ritmo do berimbau e cantando a música, enquanto dois capoeiristas jogam capoeira. O jogo entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do capoeirista no berimbau (normalmente um capoeirista mais experiente) ou quando algum capoeirista da roda entra entre os dois e inicia um novo jogo com um deles. O tamanho da roda pode variar de um diâmetro de 3 metros até diâmetros superiores a 10 metros, ao mesmo tempo que pode ter meia dúzia de capoeristas até mais de uma centena deles.

O jogo normalmente inicia-se ao pé dos berimbaus. A roda de capoeira pode realizar-se em praticamente qualquer lugar, em ambientes fechados ou abertos, sobre o cimento, a terra, a areia, o asfalto, na rua, numa praça, num descampado ou num ginásio.

Para que a roda seja realizada precisamos de uma orquestra de instrumentos. A orquestra dos grupos de angola é normalmente configurada assim: ao centro da orquestra um berimbau berra-boi ou gunga (com a maior cabaça) que faz o som grave, do lado direito um berimbau gunga ou médio (com a cabaça média) que faz um som intermediário, do lado esquerdo um berimbau viola (com a cabaça menor) que faz o som agudo. Ao lado do gunga vão por ordem o atabaque, um pandeiro e um agogo, já ao lado do viola vão: mais um pandeiro e um reco-reco (instrumento comummente feito do bambu).

A roda de capoeira é um microcosmo que reflecte o macrocosmo da vida e o mundo que nos cerca. Vários elementos permeiam as nossas relações com o mundo e no Jogo de Capoeira estes elementos aparecem de maneira intensa. Respeito, malícia, maldade, responsabilidade, provocação, disputa, liberdade, brincadeira, e poder, entre outros, estão presentes em maior ou menor intensidade durante um jogo, e não há um jogo igual ao outro, mesmo com um mesmo oponente.

Em geral a capoeira não busca destruir o oponente, porém contusões devido a combates mais agressivos não são raras. Entretanto, de maneira geral o capoerista prefere mostrar a sua superioridade "marcando" o golpe no oponente sem no entanto completá-lo. Se o seu oponente não pode evitar um ataque lento, não existe razão para utilizar um golpe mais rápido.

A ginga é o movimento básico da capoeira, é um movimento de pernas no ritmo do toque que lembra uma dança. Porém, capoeristas experientes raramente ficam a gingar, pois estão constantemente a atacar, defender, e "florear" (movimentos acrobáticos). Além da ginga são muito comuns os chutos em rotação, rasteiras, golpes com as mãos, cabeçadas (com o objectivo principal de desequilibrar), esquivas, saltos, mortais, giros apoiados nas mãos e nas cabeça, movimentos acrobáticos e de grande elasticidade e movimentos próximos ao solo.

Fonte, Wikipédia.



Mestre Ramos e Mestre Peixinho num Baptizado do Grupo Senzala em 2002


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