27 junho 2007

Água - um bem preciosíssimo


Barragem do Alto Rabagão - Montalegre


Mais de um quarto da água em distribuição na rede pública do país é desperdiçada, registando-se uma média de 28,5 por cento de fugas, apurou um estudo da revista "Pro Teste", da associação Deco, a que a Lusa teve acesso.


O estudo mostra que as perdas de água na rede pública de abastecimento variam entre dois por cento em Mondim de Basto (com o sistema mais eficiente do país) e 54 por cento no Alandroal (no topo da lista do desperdício).

"Actualmente, por cada cem litros de água consumidos, apenas 58 são necessários para o fim desejado, o que mostra que a implementação do Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água está muito longe de ser conseguida", disse à Lusa a coordenadora do estudo, Sílvia Menezes.

O Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água, aprovado em 2005, pretende atingir uma eficiência de utilização de 80 por cento no consumo urbano em dez anos, estando a sua concretização a cargo dos ministérios do Ambiente e das Obras Públicas.

Inquérito respondido por 197 câmaras

O estudo — que será publicado na próxima edição da revista editada pela Deco — foi feito com base nas respostas dadas por 197 das 305 câmaras municipais de todo o país.

Apenas metade dos municípios que responderam está a aplicar pelo menos uma das 87 medidas previstas no Plano Nacional para o Uso Eficiente da Água.

Dos municípios que afirmam estar a tomar medidas quanto às fugas, a mais comum é a substituição de condutas antigas.

Os dados do estudo mostram também que muitas autarquias afirmam desconhecer a percentagem de fugas na sua zona, enquanto outras indicam o valor mas remetem-se ao silêncio quanto à aplicação de mecanismos de diminuição de desperdício.

Muitas autarquias desconhecem ainda a forma como a água é gasta, não registando usos isentos de pagamento, como a rega de espaço de piscinas municipais ou até dos seus edifícios.

A Deco conclui que as grandes falhas na gestão dos recursos hídricos por parte das autarquias portuguesas centram-se sobretudo no excesso de fugas de água e na pouca divulgação dos resultados das análises junto dos munícipes.

Quanto à qualidade, o inquérito detectou análises em falta, assim como incumprimento nos valores máximos permitidos de contaminantes e tratamento deficiente das águas residuais.

Governo deve regulamentar uso de dispositivos eficientes

Para obviar a esta situação de descontrolo, a Deco apela ao Ministério da Economia que regulamente "com urgência" o uso obrigatório de dispositivos eficientes (autoclismos, torneiras e chuveiros) em construções novas ou reabilitadas, definindo volumes máximos de consumo de água por equipamento.

"Compete ao Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações criar legislação que impeça a venda de dispositivos não eficientes e criar incentivos fiscais para substituir equipamentos por outros mais eficientes", lê-se no estudo.

Os resultados do estudo foram comunicados à Associação Nacional dos Municípios Portugueses.

in Público

Todos se devem lembrar da seca extrema que Portugal sofreu no ano de 2005. Havia muita falta de água, as barragens estavam vazias, não chovia e as fotografias de satélite mostravam a tonalidade de um país completamente seco. Em 2006 e 2007 tem chovido bastante e já há notícias a demonstrarem que actualmente há muitas barragens portuguesas acima dos 90% de capacidade. Acho que devemos encarar a actual situação numa óptica de poupança; não podemos pensar que por ter chovido e as barragens estarem cheias, que devemos desperdiçar a torto e a direito. Esta racionalidade passa por todos nós, não basta ficarmos contentes por apenas separar o lixo - é obrigatório poupar água! Mas, o poder autárquico, também tem a sua responsabilidade. Esperemos que a cumpra, a nível nacional e para o bem do país. A tendência do futuro, dizem os entendidos, é para uma Península Ibérica muito mais quente e seca.


4 comentários:

koolricky disse...

É mormente uma questão de educação. Quando éramos putos ensinavam-nos a atravessar a rua, a não falar com estranhos, etc... Neste momento há também que incutir estas noções básicas aos putos. Aliás, a campanha da reciclagem foi mesmo nesse sentido. Não se conseguiu convencer os adultos, tentaram-se as crianças que por sua vez convenceram os adultos...

rui disse...

Chico, estás a esquecer que também devemos poupar a electricidade, que aliás parte da electricidade que consumimos deriva das Barragens.

Francisco Rodrigues disse...

A electricidade proveniente das barragens não deve ultrapassar os 20%, mas de qualquer maneira tens toda a razão Rui, devemos poupar também energia. O Ricardo tocou num ponto importante que é a sensibilização das crianças, que tem resultado. Aliás, toda a gente sabe que o futuro do país passa pela educação...

NA disse...

Penso que a campanha junto das crianças foi um exemplo de sucesso. Em muitas familias foram os filhos que "adquiriram a moda" de fazer separação selectiva do lixo na escola e a implementaram em casa...

Para além disso tem andado na ordem do dia todo um conjunto de dicas para se poupar água e energia, por um lado e bom para a carteira por outro, passo a publicidade, "o planeta agradece"...

http://oplanetaagradece.blogs.sapo.pt/