21 julho 2007

Cérebros


O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago, negou a ideia de que o país esteja a deixar fugir cientistas para o estrangeiro, preferindo realçar a presença de "centenas de cérebros" estrangeiros em Portugal.

"Portugal não deixa fugir cientistas lá para fora. É uma visão errada", disse, questionado pelos jornalistas sobre a reunião com homólogos europeus, no âmbito da presidência portuguesa da União Europeia (UE).

No final da reunião de sexta-feira, Mariano Gago revelou que a Europa precisa de mais meio milhão de investigadores, anunciando que os Estados da UE estudam formas de aumentar os recursos humanos no sector e de atrair imigrantes qualificados.

No caso concreto de Portugal, "temos de facto cientistas lá fora, mas temos de ter. Isso é importante. Se não tivermos cientistas nos melhores centros internacionais, não podemos estar ao corrente do que de mais actual existe", justificou.

"Talvez as pessoas não saibam é que temos centenas de cientistas estrangeiros que estão a trabalhar em Portugal", argumentou.

Segundo o governante, a capacidade de atracção resulta do aumento do investimento português em ciência: "Fizemos um trabalho extraordinário desde o 25 de Abril. Estávamos no fim da cauda da Europa e hoje ocupamos uma posição honrosa".

Para Mariano Gago, o aumento do investimento resulta não só da aposta pública, "mas também das empresas, que têm vindo a compreender a necessidade de uma aposta na investigação, face a globalização", referiu. [...]

in RTP

3 comentários:

koolricky disse...

O Mariano Gago foi, quanto a mim, o melhor ministro dos últimos governos. No entanto, não deixa de ser um político. É verdade que há muitos investigadores estrangeiros em Portugal mas também os há em todos os outros países. A diferença é que em Portugal a maior parte desses investigadores estão em regime post-doc, ou seja, com contractos de 3 anos no máximo.
Também me estranha que o ministro não esteja preocupado com o braindrain que é encorajado pelo próprio FCT. Um aluno que é pago para fazer um doutoramento lá fora não tem a mínima obrigação de vir para Portugal trabalhar e portanto vai, na maior parte dos casos, dar os seus conhecimentos a outras universidades, outros países... O que é que Portugal ganha com isto? Nada! A verdadeira razão para que isto aconteça com a conivência do estado é, simplesmente, a constatação do facto que o Estado não tem fundos para os empregar.
Diz o Sr Ministro que é bom ter Portugueses lá fora para nos poder manter informados sob o que se passa por lá. Mas não é este mundo o mundo da comunicação? Sou Português e tenho contactos científicos em todo o mundo na minha área. Nenhum deles é Português. Portanto, para ter contactos está provado que não é necessário ser da mesma nacionalidade, simplesmente, o que é preciso é que o governo dê fundos, estabilidade e estabeleça critérios credíveis de avaliação dos investigadores e das instituições para que a ciência avance em Portugal, assim com avança nos países mais desenvolvidos!
Sr Ministro Mariano Gago, seja mais inteligente e menos ministro!

Francisco Rodrigues disse...

Quem fala assim não é gago ;)

NA disse...

Essa historia de que e preciso ter gente la fora para saber novidades tambem me custou a engolir... O que e que uma coisa tem a ver com a outra? Que ideia de ciencia e esta que um gajo esta aqui tapadinho e manda o mensageiro la fora saber das novidades??? Senhor Ministro, o pessoal vai a conferencias, o pessoal recebe "e-mail alerts" com o "abstract" dos ultimos "papers"... Mais, nos, cientistas a trabalhar em Portugal, não so contribuimos para as publicacoes de alto nivel como tambem escrevemos artigos de revisao sobre o campo de trabalho que servem de referencia aos outros investigadores...

O que e importante, tal como disse o Ricardo, é uma política de avaliacao e seleccao dos melhores, sejam eles de que nacionalidade forem... So assim podemos formar os melhores nas nossas universidades e formar escola... So assim podemos ter Portugueses formados em Portugal com uma base cientifica forte que permita dar cartas num mundo tao competitivo como o da investigacao...