15 julho 2007

Juntas médicas ou o extremo das políticas de aposentação

Há uns anos atrás era só pagar dois contos ao médico da Rua dos Capelistas para ter um atestado para poder faltar ao trabalho. Toda a gente sabia disso, a Segurança Social, a Judiciária... Toda a gente dizia que era uma vergonha que as pessoas pudessem tão levianamente fazer isso, lesar o estado, o trabalho. As Juntas Médicas prometiam vir ao domicílio para confirmar a incapacidade mas quase nunca apareciam.
Agora, tudo é diferente. Os professores são, como sempre, os alvos a abater. Depois dos dois casos mediáticos envolvendo dois professores com cancro, vêm agora a lume muitos mais casos que estavam encobertos no medo, na humilhação e resignação de pessoas doentes que foram obrigadas a trabalhar sem condições. As Juntas Médicas são agora máquinas inexoráveis que disciplinam o povo preguiçoso.
Tal como com a rede rodoviária, os centros históricos das principais sociedades, as Juntas Médicas mudaram radicalmente. Mas mudanças não se querem radicais, querem-se precisas, para que melhorem a situação, porque, para continuar tudo mal, mais vale não fazer nada.
Fica bem a condenação do Primeiro Ministro Sócrates, mas ficaria ainda melhor uma mudança para melhor (e não qualquer mudança) para que quem prevarique seja condenado e quem tem o azar de estar tão doente que não posso trabalhar possa ter o mínimo de orgulho e amor-próprio...

1 comentário:

Francisco Rodrigues disse...

Ou seja, deveria haver uma atitude mais profissional das juntas médicas, sendo estas de preferência constituidas por pessoas capazes. É que, ao que parece, legalmente uma junta médica pode ter não-médicos.