16 julho 2007

Monstruosidade partidária II

«Assim se vê a força do PS!». O slogan estranho não rimava. O grito não convenceu os restantes socialistas. E o militante, de bandeira em punho, limitou-se a agitá-la, perante o camião onde António Costa e José Sócrates acenavam a poucas centenas de pessoas. Boa vontade não faltava a este socialista, vindo do Alentejo, onde as pessoas estão mais acostumadas ao bem conhecido e eficaz «Assim se vê a força do PC!»

Com os lisboetas de férias, a máquina do PS acabou por recorrer a militantes de vários pontos do país. Não só Alandroal, mas de Cabeceiras de Basto, Famalicão, Castro Verde e Mirandela também vieram militantes.

«Parámos em Fátima e aproveitámos para vir aqui dar um apoio. Também é preciso», explicou ao SOL um militante de Cabeceiras de Basto, do distrito de Braga. Quem organizou a excursão? Uns diziam que tinha sido a junta de freguesia, outros a estrutura do PS local. A verdade é que a partir das oito horas começaram a chegar ao Hotel Altis grupos e grupos de pessoas, que as camionetas largavam nas imediações do edifício.

Alguns dos excursionistas nem sequer sabiam bem ao que vinham, mas eram a minoria. «Quem corre por gosto não cansa», insistia Carlos Alberto, vindo de Castro Verde, no Baixo Alentejo. «Esta vitória é um voto de confiança no Governo. Isso quer dizer que as pessoas compreendem as decisões difíceis que este Governo tem tomado», afirmou ao SOL. [...]

in Sol



Ver e ouvir os militantes do PS de Cabeceiras de Basto em directo nas televisões, em Lisboa empunhando bandeiras e sem saberem o que estavam ali a fazer, torna evidente a industrialização dos partidos políticos, que se aproveitam da fé das pessoas reféns da interioridade e aculturação. É puro terrorismo, das gentes que mandam lá em Lisboa, bem como os dirigentes cá de cima, brindarem uma ida a Fátima com uma visita nocturna a uma praça alfacinha como bónus. Triste mesmo, é esses tubarões de caça ao voto e política de fachada, saberem que essas pessoas têm problemas nas suas terras, que o país inteiro reconhece, mas só quem lá mora sente na pele, e os tubarões, lembram-se, quando lhes convém, deste povo que sofre, sabem bem da sua existência, e usam-no a belo prazer.