01 julho 2008

O Cemitério Felino

Se a Câmara de Braga não quer saber das margens do rio Este, o povo antecipa-se e olha-as como suas de direito. Que elas têm potencial para imensos projectos de lazer, é um facto, mas poucos esperariam esta alternativa gótica, mas até com algumas raízes históricas. Ora vejam.


"Um reformado de Braga, João Braga, que há quatro anos começou a ajardinar as margens do rio Este junto à ponte de São João, criou um cemitério de gatos no local, cada um com direito a campa individual, informa a agência Lusa.
«Havia pessoas que atiravam gatos mortos para o rio, que tinham sido atropelados ou mesmo que morriam de causas naturais, e eu entendi que era melhor enterrá-los do que deixá-los aí a apodrecer ou a poluir as águas», afirma, em jeito de explicação para tão inusual cemitério.

As campas dos felinos ficam junto a um pequeno portal que montou na margem - do lado da Rua dos Barbosas na freguesia de S. Lázaro - para impedir a entrada de eventuais cidadãos «com jeito de vândalos» que queiram destruir o jardim, onde não faltam flores, cedros e plantas diversas, que cuida, com desvelo e a expensas próprias, em parceria com dois amigos - o Machado e o Martins - há alguns anos.
O local é zona de entretimento e passatempo para outros cidadãos da localidade, o ponto central dos festejos do São João de Braga, não muito longe do antigo estádio municipal, construído pelo Estado Novo e adoptado pela Revolução de Abril que o baptizou de 1.º de Maio.
É também o local onde a gata dos estudantes da Universidade do Minho deve ser enterrada, de acordo com a tradição, iniciada em 1889, quando os estudantes do então Colégio de São Paulo saíram à rua, em cortejo fúnebre, para enterrarem o ano lectivo no Parque da Ponte, simbolizado numa gata com o respectivo caixão.
Tal deu origem às Festas Académicas do Enterro da Gata, que ainda hoje se realizam em Braga e que envolvem diversos "números" ligados à "bichana", como é o caso do Velório da Gata.

Gatos também têm direitos

João Braga diz que os gatos, «não sendo gente», também podem ser enterrados e ter uma campa de pedrinhas: «gosto imenso de animais. Fui emigrante na Alemanha e lá, os animais eram respeitados e ai de quem lhes fizesse mal», afirma.
Conta que lhe vieram as lágrimas aos olhos quando fez o último enterro, o de uma gata que morreu ao parir e cujo cadáver tinha um gatinho a tentar sair do útero para a vida dura da cidade." in IOL Diário

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