03 outubro 2008

Cego cego, é aquele que não quer ver!

Qualquer livro de Saramago tem uma ponta de polémica. Os seus ataques sagazes à religião, aos poderes instituidos ou ao capitalismo são constantes e feitos com um engenho fenomenal, sem poderem ser refutados.
Um dos mais polémicos livros de Saramago, "Ensaio sobre a cegueira", conta a história de como de um dia para o outro toda a gente ficou cega. E relata como é que as pessoas reagiram, como se reformaram, como reorganizaram uma sociedade à beira do caos.
O argumento interessou Fernando Meirelles, realizador de Cidade de Deus, que convenceu Julian Moore, Gael Garcia e Danny Glover a converter o livro para a película.
A associação de Invisuais Americana veio já pedir que o filme seja censurado porque segundo eles, o filme passa a mensagem que ser cego é ser viciado, criminoso e inútil. As palavras caíram mal ao director do filme como ao autor, Saramago. Com efeito, criticar um filme antes de o ver é arriscado. Mais a mais, a associação de Invisuais Americana não conseguiu captar a mensagem do filme. O que o filme/livro retrata é o comportamento humano e não propriamente a cegueira. Saramago já respondeu com a língua mais afiada que um cutelo: "A estupidez não escolhe entre cegos e não cegos. É uma manifestação de mal humor, assente sobre coisa nenhuma, e pronto, acabou, nada mais"
Certo certo, é que o filme já teve a publicidade que precisava para encher as salas de cinema.

3 comentários:

NA disse...

Fazer filmes em que os latinos e os pretos são sempre os criminosos não tem mal nenhum... O problema é sempre a analogia com a cegueira...

O problema passa por uma falta de cultura de quem emitiu tal opinião e se esqueceu que, infelizmente, a única forma de cegueira não é a visual!!!

Francisco Rodrigues disse...

Americanos......

koolricky disse...

Exactamente, na, quem fez estas afirmações anunciou ao mundo que não entendeu o livro, se é que o leu!