Muito se vai falar, nos próximos tempos, sobre as eleições presidenciais e dos seus candidatos.
Há dias em conversa com amigos mais velhos que combateram na guerra colonial, e ao tocar no assunto das futuras eleições presidenciais, fui confrontado com algumas declarações sobre o percurso militar do candidato Manuel Alegre - vozes que dizem que este foi um desertor e um delator, e que teve o mesmo tipo de comportamento dentro do partido socialista.
Custou-me a acreditar que as coisas fossem tão simples e tão lineares. Há sempre a necessidade de contextualizar os acontecimentos e, para tal, decidi procurar saber um pouco mais sobre o assunto. Obviamente, encontrei duas opiniões diferentes.
Em plena guerra colonial, houve, segundo consta, inúmeros desertores - uns por cobardia outros por ideologia. No caso do candidato Manuel Alegre terá sido por ideologia e por isso, segundo algumas vozes, um acto de bravura e de amor à pátria, dado que passou a enfrentar o regime de então.
Os outros, que estiveram em pleno combate, dizem que a missão ideológica do candidato Manuel Alegre colocou em causa a missão das tropas portuguesas e a vida dos seus militares, uma vez que, com a emissão da recém criada Rádio Argel, contribuía negativamente para a moral dos militares, apelava à deserção e dava indicações ao inimigo sobre as posições e operações das nossas tropas.
Sabendo que estas linhas poderão prejudicar a pessoa e o candidato em questão, decidi não expressar a minha opinião sobre o melhor candidato a ser o Chefe Supremo das Forças Armadas. Como tal, este texto não serve para acusar ninguém, mas serve para que pensemos um pouco na sociedade, na política e no seu contexto global.
Uma vez que temos a liberdade de leitura e expressão, seria óptimo que os que lessem este texto se informassem sobre o assunto e realizassem comentários sobre o mesmo.
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