18 dezembro 2006

Finlândia, o exemplo a seguir


Helsinquia


Vi ontem uma reportagem na RTP N que comparava Portugal à Finlândia. Eram entrevistados/acompanhados um engenheiro português que vive em Helsínquia há alguns anos e uma finlandesa que vive em Portugal há dez anos.
Parece um absurdo comparar estes dois países, mas existe uma razão para a comparação. A Finlândia há 11 anos atrás, encontrava-se numa crise profunda, semelhante à nossa. Hoje em dia é um dos países mais fortes do mundo. Então faz todo sentido tentar saber como os finlandeses deram a volta por cima, num relativamente curto espaço de tempo. A resposta, em termos gerais, é um forte investimento em duas vertentes quase intrínsecas: educação e tecnologia.
Entre vário factores de comparação, lembro-me de alguns:

- Hoje em dia, a inflação na Finlândia ronda o 1,5%, enquanto em Portugal estamos no 2.6%;

- Sabemos que o ordenado mínimo em Portugal anda à volta dos trezentos e poucos euros, enquanto na Finlândia é de mil euros;

- Um passe de autocarro na Finlândia custa 75 euros por mês e em Portugal custa 70;

- O preço dos combustiveis na Finlandia é praticamente o mesmo que em Portugal;

- A Finlândia tem 5 milhões de habitantes, metade de Portugal, mas na Finlândia o estado investe mais de 6 mil milhões de euros na educação, enquanto que em Portugal esse valor não chega aos 6 mil milhões;

- O investimento na educação é sério e rigoroso. Tanto as refeições nas escolas, como o transporte de crianças e mesmo os manuais escolares, são gratuitos. As crianças finlandesas, no primeiro ciclo, entram descalças para a sala de aula para se sentirem como se estivessem em casa. Nessa idade aprendem intensiva e progressivamente a matemática, à base de jogos e aplicações directas, sendo o país europeu com melhores resultados nesta disciplina. Nesta idade também, aprendem a ir para casa e esperar pelos pais, sozinhas.

- Uma mãe finlandesa tem direito a ficar com o seu filho até aos 3 anos; no nosso país a licença de paternidade é muito inferior.

- Uma consulta no médico de família português, tem em média um a dois meses de espera, enquanto que na Finlândia é quase instantânea; cá esperamos anos por uma cirurgia, enquanto que lá a espera aumentou agora para 3 meses, o que significa que já foi menor.

- A capital da Finlândia e arredores não tem engarrafamentos e a taxa de utilização dos transportes públicos ronda os 70%, sendo a meta do governo atingir os 90%, uma vez que existem campanhas de publicidade e fortes incentivos aos utilizadores. O mesmo não se passa em Lisboa, onde o tráfego é caótico e a ocupação dos transportes públicos é de 36%.

O finlandês nunca chega atrasado ao trabalho. Um atraso de mais de 5min é impensável. Sabe-se que os finlandeses não fazem amigos com facilidade, são reservados e tem que suportar temperaturas gélidas e poucas horas de luz no Inverno. Na Finlândia não existe a cultura do café, durante a semana eles trabalham, descansam e aguardam por 6ª feira para irem à casa de campo, onde se divertem e consomem álcool para descomprimir. Na Finlândia pagam-se os impostos.
Estes, entre muitos outros, foram parâmetros de comparação apresentados na reportagem. Parece-me importante sublinhar que, a Finlândia estava em crise, entrou na União europeia em 1995 e é, pode dizer-se um país periférico tal como nós. Portugal entrou na União Europeia há 20 anos (!) e não ata nem desata... estamos ainda em crise, menosprezamos e destruimos a educação e a investigação, não nos livramos da corrupçao, etc... Eles estão como estão porque reagiram, conseguiram identificar o problema e investiram com seriedade naquilo que acharam essencial. Cumpriram e cumprem as obrigações.

1 comentário:

koolricky disse...

O exemplo de um investimento na educação que deu frutos em muito pouco tempo. A seguir.
No entanto, nem tudo são rosas. Os Finlandeses são pessoas frias, pouco amáveis e pouco sociais. Conheço alguns (não muitos) Finlandeses e a opinião que tenho sobre eles é que são um bocado autistas, vivem muito no mundo deles...