Confesso que o que menos gosto é de saber que alguém, seja quem for, morreu. No entanto dei-me comigo próprio num misto de alegria e tristeza ao saber que o General Augusto Pinochet tinha morrido. Alegria porque o mundo não é um sítio para pessoas que mataram, torturaram e usaram tantas pessoas como fez Pinochet durante os 17 anos em que governou o Chile com uma das mãos mais pesadas de sempre. Tristeza porque queria que fosse condenado por tudo aquilo que fez - a morte foi um castigo muito brando para este homem.
Para quem não sabe. Pinochet foi o homem que orquestrou o golpe de estado contra Salvador Allende, o primeiro governo comunista eleito pelo povo. Desde então, contolou o Chile com uma verdadeira mão de ferro. Trago aqui ao blog o exemplo do Estádio de Chile, no qual mais de um milhar de prisioneiros foram enclausurados e torturados barbaramente. Entre eles, Victor Jara, escritor, poeta e músico. Reza a história que lhe ordenaram que renunciasse ao Partido Comunista. Ao recusar-se a abdicar dos seus ideais, esmagaram-lhe as mãos para depois pedir para tocar a sua viola. Acabou completamente desfigurado, torturado até à morte. O estádio, posteriormente foi renomeado para Estádio Victor Jara.
Pinochet foi deposto e anos depois foram descobertas várias contas avultadas em bancos Suíços. Mais recentemente, um juíz Espanhol conseguiu emitir um mandato de captura internacional, quando Pinochet estava na Grã Bretanha por motivos de saúde.
Os processos que foram iniciados estão em risco de perecer, mas tudo vai ser feito para que isso não aconteça, garantem políticos e magistrados Chilenos, Espanhóis e Britânicos. Esperemos que aqueles que colaboraram com Pinochet e ainda vivem possam pagar pelo mal que fizeram a quem acreditava, tão somente, num ideal diferente.
Dedico este post à minha amiga Valentina Montoya-Martinez, cujo pai, militante do partido comunista, morreu às mãos deste regime.
12 dezembro 2006
A morte de Pinochet
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2 comentários:
Isto é um assunto muito delicado, que merece a reflexão de todos para se evitarem erros no futuro.
Grande texto!
O que a mim me admira é o facto de algumas pessoas defenderem Pinochet com o argumento de que ele teve um contributo essencial para lançar a economia Chilena no mundo... A minha pergunta é, a que preço?
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