14 fevereiro 2007

Física quântica: cientistas param raio de luz e libertam-no mais tarde

Embora com erros crassos a nível da contrução de frases e de algumas expressões físicas (tal como "fracções de grau abaixo do zero absoluto") esta experiência permite-nos dar um passo gigante não só na compreensão da física quântica mas também nas suas aplicabilidades.

Um aparte. Esta mudança de valor da velocidade da luz nada tem a ver com a que o Prof. Magueiro defende. O Prof Magueiro discorda de Einstein ao dizer que no vácuo a velocidade da luz pode não ser constante e tal poderá ter acontecido após o Big Bang. Revisitando o post d'"A Fórmula de Deus" por este pequeno detalhe se pode ver que a teoria sob a qual a permissa de que Deus existe devido a tudo estar feito para que haja vida cai em descredo.

in Público

Publicado na "Nature"
Física quântica: cientistas param raio de luz e libertam-no mais tarde 07.02.2007 - 20h04 Lusa

Uma equipa de físicos da Universidade de Harvard conseguiu parar um raio de luz numa matéria colocada a uma temperatura muito baixa e projectá-lo de novo à distância, a partir de outra concentração de matéria. O relato do feito foi publicado na revista "Nature".
Entre as duas acumulações de matéria estava um fosso de 160 micrómetros — uma distância ínfima à escala humana, mas substancial segundo as regras da física quântica, que reagem ao infinitamente pequeno.Num artigo hoje publicado pela revista "Nature", a equipa de Naomi Ginsberg explica ter dirigido um laser a um alvo formado por alguns átomos de matéria arrefecidos a temperaturas muito baixas.A algumas fracções de graus acima do zero absoluto (-273 graus) entra-se no mundo misterioso dos condensados de Bose-Einstein, um outro estado da matéria com propriedades físicas bastante diferentes dos tradicionais estados gasoso, líquido e sólido.A essas temperaturas muito frias, parte dos átomos de matéria refugiam-se num estado de energia o mais baixo possível. Os condensados de Bose-Einstein revelam aí as suas características desconcertantes, onde as regras da física tradicional parecem não entrar.Na experiência norte-americana, os fotões do raio laser desaceleraram, passando da velocidade da luz (300 mil kms por segundo) para 20 kms por hora, e pararam depois."A informação [a amplitude e a fase do sinal luminoso] ficou impressa como um holograma na matéria do condensado, dando origem a uma cópia absolutamente perfeita da pulsação da luz, mas sob a forma de matéria", explicou Lene Vestergaard Hau, um dos signatários do estudo.Neste meio tão especial, o comportamento da matéria não difere muito do das ondas, com os especialistas a falarem de "ondas de matéria".A "onda de matéria", com as características do sinal luminoso, derivou depois para fora do primeiro condensado e juntou-se ao segundo, algumas fracções de milímetros mais longe. Quando esta onda de matéria entrou no segundo condensado ressurgiu dela um raio idêntico ao primeiro.Num comentário publicado no mesmo número da "Nature", Michael Fleischhaurer, da Universidade de Kaiserskautern, sublinha que os dois condensados foram preparados de modo independente. Por isso, a experiência só pode entender-se se os átomos dos dois condensados forem considerados objectos absolutamente idênticos do ponto de vista quântico.Esta experiência poderá desembocar, a prazo, em importantes inovações tecnológicas, podendo, por exemplo, imaginar-se computadores quânticos em que o fotão possa substituir o electrão como vector de informação."Para poder tratar dados quânticos, é necessário construir uma rede. Os fotões da luz podem servir para transmitir a informação quântica e os átomos são ideais para a armazenagem e o tratamento", precisou este cientista.

2 comentários:

Francisco Rodrigues disse...

Grande tópico Ricardo, parece-me que estás a ficar com o bichinho da Física Quântica, a física contra-intuitiva por natureza.

Há neste artigo uma ou outra semelhança com estudos já efectuados sobre o Teletransporte, tal como aproximar átomos ao zero absoluto para aí se "lerem" os seus estados quânticos tal como:
os vectores posição, momento linear e momento angular, niveis de energia electrao-orbital, estados excitados e ionizados, spin, etc. Depois, num emaranhamento de dois átomos (A e B) forma-se um novo emaranhamento com um terceiro átomo (B e C por exemplo) e com isso faz-se a transmissão de informação à distância, com velocidade próximas da velocidade da luz.
Uma das muitas aplicaçoes do Teletransporte, seria tal como neste tópico, a construção de computadores quânticos, em que os processadores deixassem de ser de materiais semi condutores que obdecem ao electromagnetismo de Maxwell, logo mais lentos.

NA disse...

Bem, apenas um esclarecimento, a questão não se trata apenas de diminuição da velocidade. Para a computação quântica é importante resolver dois problemas, o primeiro tem haver com o facto de conseguir ter um "array" ou rede de partículas quânticas (por exemplo átomos) que farão a função dos actuais bits (podendo neste momento ter dois estados - ligado e desligado - e no computador quântico ter 3 - ligado, desligado, ou uma mistura dos dois - na prática é sempre uma mistura dos dois); o segundo tem a ver com o problema da cópia (quando se faz uma medição sobre um sistema quântico altera-se o estado do sistema, assim a cópia destrói o estado).

Quanto à primeira parte do problema, os condensados de Bose-Einstein são uma ajuda, e este tipo de controlo sobre a luz também, já que, tal como referido pode-se "manipular" cuidadosamente a interacção do pulso electromagnético e a matéria...

A física quântica é de facto interessante... Recomendo a todos que se "metam" por ela a dentro. Ainda na Segunda-feira, o nosso convidado do café Scientifique, me dizia que, qualquer dia toda a medicina será explicada pela Física Quântica... Pois bem, descansem os cientistas, porque não viveremos esse dia (minha opinião é claro ;-)).