01 dezembro 2007

Turismo


Azibo - Macedo de Cavaleiros - foto de Pedro Guimarães


Algumas aldeias transmontanas desertificadas reúnem condições para dinamizar um novo conceito turístico de recriação de épocas históricas ou ambiências capaz de impedir que se transformem em meros vestígios arqueológicos.

A ideia é defendida pelo arqueólogo Luís Pereira, da extensão de Trás-os-Montes do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR).
A região trasmontana contabiliza já alguns casos de aldeias completamente despovoadas, sendo Benrezes, no concelho de Macedo de Cavaleiros, um dos mais emblemáticos. O anterior bispo da Diocese de Bragança-Miranda, D. António Rafael, recorria a este exemplo frequentemente na sua luta contra a desertificação do Nordeste, pedindo para que não se permitisse que a região tivesse o mesmo destino. Esta aldeia "fantasma", a meia dúzia de quilómetros da cidade de Macedo de Cavaleiros, está completamente abandonada e em ruínas. A sua história é feita de lendas de maldições que terão dizimado a população, mas, para o arqueólogo Luís Pereira, a versão mais plausível para este abandono terá sido uma epidemia. A maior parte da população terá sido afectada e a que escapou fugiu da aldeia para a povoação mais próxima de Vale da Porca ou outras. Para trás, as pessoas deixaram, há já várias décadas, as casas e os equipamentos colectivos agora em ruínas, mas ainda demonstrativos da mais pura ruralidade.
"Uma jóia" é como o arqueólogo considera Benrezes, acreditando, por isso, que das ruínas das casas e ruas muralhadas em pedra poderia erguer-se um novo conceito turístico na região, que já é aplicado em outros países. Os adeptos da natureza no seu estado mais puro teriam aqui a oportunidade de desfrutar do mais bucólico cenário, onde não se avista sequer um poste de electricidade. Os campos em volta estão lavrados e, de quando vez, é possível avistar um rebanho entre os tons da natureza junto ao rio Azibo. É numa das margens do rio que se encontra o mais importante e vistoso núcleo da aldeia com um moinho em pedra "altamente sofisticado para a época", dispondo de três mós a trabalhar em simultâneo num processo totalmente tradicional. Os balcões típicos das aldeias transmontanas, com as escadas de acesso à porta principal, ou as tradicionais manjedouras para os animais no andar inferior das casas são algumas das características presentes. Esta ambiência campestre podia ser aproveitada para fins turísticos com a revitalização da aldeia, na opinião do arqueólogo Luís Pereira. Para este técnico, outras aldeias podiam dar origem a projectos idênticos, com outras temáticas ou recriação de épocas históricas relevantes na região. [...] in RTP



Apesar de eu não conhecer a região, lendo esta notícia com atenção, parece-me que a ideia é boa. Havendo vontade política, o projecto poderá andar para a frente. A dinamização do interior do país, com a criação de estruturas para fixar populações e convidar novos habitantes, é uma preocupação que os governantes centrais e locais do nosso país deveriam ter.

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