19 abril 2010

Sai hoje

«Pesadelo em Peluche», o novo álbum de estúdio dos Mão Morta, chega às lojas a 19 de Abril, com selo Universal Music Portugal.
"Pesadelo em Peluche» é apresentado ao vivo também em Abril, dia 29, no Coliseu dos Recreios de Lisboa.


Pesadelo Em Peluche teve como ponto de partida o livro The Atrocity Exhibition (A Feira de Atrocidades), de J. G. Ballard, e a questão aí levantada da nova percepção do real que o panorama mediático e cultural instituído pela moderna comunicação de massas induz no indivíduo. É sobejamente conhecida a anedota do miúdo urbano que se espanta ante a visão de uma galinha viva porque só a figurava depenada e dependurada nos talhos e nos supermercados. Da mesma forma, com o devido reajuste de escala, que traços de personalidade são sulcados no sujeito diariamente exposto às imagens choque de guerras, acidentes, crimes ou catástrofes naturais que enchem os noticiários televisivos, aos paradigmas produzidos pela publicidade na permanente exaltação de objectos quotidianos como o champô, o automóvel, os destinos de férias ou os gadgets tecnológicos, aos mexericos emocionais da vida privada de vedetas televisivas e demais figuras públicas constantemente expostos nas capas das revistas e nos escaparates dos quiosques, aos infindáveis cenários de auto-estradas, engarrafamentos, viadutos, aeroportos e vastos bairros uniformes que lhe marginam as jornadas casa trabalho? Essa matéria visual da cultura mediática e os novos desejos e padrões psíquicos que fomenta constituem o cerne das histórias contidas nas canções e também a premissa para a sua composição, desenvolvida a partir de algumas das matrizes que os últimos 30 anos da história do rock fixaram. Assim, os riffs ou as batidas à maneira de servem para enquadrar narrativas psicóticas onde a pulsão sexual é alimentada por estranhos fetiches e a morte não passa de uma ficção conceptual carregada de encantos obscenos. Como se, perdido o equilíbrio genésico, a vida se transmutasse num perturbante pesadelo de desconcerto numa mente entorpecida pelo peluche do conforto.

Adolfo Luxúria Canibal




Sem comentários: