17 março 2007

Centenário


A Brasileira, em Braga, comemora este ano o seu centenário. Forte tradição bracarense, ambiente inflamado por vezes de demência, vida social e urbana, ou mesmo apenas o aroma do café servido sempre com mau humor, são algumas marcas de 100 anos de matrimónio com a cidade. Mas, há sempre um mas, a administração prepara-se para uma renovação no café, cujas obras avançarão no último trimestre deste ano. Não mexam muito se não estragam.

4 comentários:

Anónimo disse...

Por favor não façam à Brasileira o que fizeram ao "Nosso Café" e ao "Avenida"!
Aproveito, se me dão licença, para colar aqui um excerto de um texto que publiquei há 2 anos no Diário do Minho:
Vestem roupas escuras, tomam café de saco nas mesas da Brasileira; preenchem a Arcada com as suas conversas sempre atentas e esclarecidas. Sábias. Vivem Braga como ninguém. Por cima da Arcada, um painel de lona branca, embora criado pela modernidade, resume o que lhes vai no coração. Eles são a alma da cidade, o seu âmago e o seu génio.
Sentado a uma mesa da Brasileira, enquanto escrevo, oiço com deleite as suas conversas. Recordo com nostalgia os anos oitenta, quando aqui estudava, como no café Avenida (entretanto cobardemente assassinado), com o saudoso Sr. Amadeu que me deixava, benévolo, ocupar a mesa sem consumo, porque o dinheiro era uma miragem fugidia. E agora, vinte anos depois, os jovens vestidos de escuro são os mesmos: eles vivem e respiram Braga com toda a alma; eles são esta cidade. Eles são a juventude bracarense em toda a sua força. E só essa juventude de espírito, do alto dos seus sessenta ou setenta e tal anos, lhes permite sonhar como ninguém. E é com um prazer embevecido que os oiço sonhar alto, falando de um Braga campeão.
Estes não são os que vão ao estádio assobiar os jogadores e treinadores do Braga. Estes são os mais genuínos braguistas.
Estes não são os que aplaudem o Braga enquanto pensam nos auto-intitulados grandes. Estes são os verdadeiros jovens que se orgulham do vermelho com mangas brancas. Estes são os que acreditam. Vivem o futuro. E esse futuro talvez já tivesse sido feito presente se muitos jovens de BI mas idosos de espírito sonhassem e acreditassem como estes que vejo e oiço à minha frente, aqui, agora, na Brasileira.
Aqui não há lugar para corações divididos nem lamentos conformados. Aqui, a vontade de vencer e a crença no futuro são maiores que o mundo todo. Recorda-se com nostalgia a taça de 66 e os golos de Perrichon; mas todos sabem que em breve podemos ir mais longe, assim o sonho viva, Deus queira e os homens o façam.

Francisco Rodrigues disse...

Cardoso, uma vez mais:

excelente texto!!!

Obrigado por partilhares aqui na Mesa da Ciência.

koolricky disse...

Sinceramente já fui um cliente bastante assíduo da Brasileira. Mas, pagar para ser mal tratado? Tenho mais que fazer ao meu dinheiro...

koolricky disse...

Atenção, defendo tabém que não se perca mais um café dos antigos em Braga. Aliás, se ainda cotinuo, de quando em vez, a ir à Brasileira é por isso mesmo, por ainda ser o café simples que era há muitos anos.
Mas deixo uma pergunta, porque é que acabaram com os cafés em copo?