17 março 2007

Interior sofre


A questão do encerramento da Linha do Tua foi levantada, por diversas vozes, na região transmontana, no próprio dia do fatídico acidente com uma automotora, no qual perderam a vida três pessoas.

Agora, a secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, admite essa possibilidade, lembrando que "a Linha do Tua tem 100 passageiros por dia e uma utilização da capacidade disponível de 17%". Questionada por diversas vezes, ontem, no Parlamento, a governante disse, ainda, que são "aguardados os resultados dos estudos da REFER e do Laboratório Nacional de Engenharia Civil sobre o acidente".

Estas respostas não agradaram aos autarcas locais e, nomeadamente, ao presidente da Câmara Municipal de Mirandela, o social- -democrata José Silvano, que tem sido um dos mais activos defensores da manutenção da linha. O autarca recorda que "a decisão será sempre política e não técnica. Os relatórios que estão a ser produzidos não apontam responsabilidades nem à CP, nem à REFER, nem ao Metro, nem a ninguém. Não percebo que agora a secretária de Estado se escude nos inquéritos". José Silvano lembra, ainda, que "a EDP tem intenções de construir uma barragem na foz do Tua, que fará com que a linha fique submersa até ao Cachão. Logo no dia do acidente, eu disse que o Governo podia aproveitar esse acontecimento trágico para equacionar a hipótese de encerramento", recorda.

Silvano garante que "a linha não é rentável, porque os comboios só circulam em horários já pré-estabelecidos para não terem passageiros e porque nunca foi feito o aproveitamento turístico da linha".

Recorde-se que, em 1997, no Governo de António Guterres, foi assinado um acordo entre o Estado, a CP, a REFER e as autarquias de Mirandela, Murça, Carrazeda de Ansiães, Vila Flor e Alijó, que formavam a empresa Comboios do Tua, SA, com vista à exploração turística da linha, com uma comparticipação anual do Estado de 300 mil euros. Mas esse foi mais um projecto para a região que nunca saiu do papel.

in Jornal de Notícias


Promessas eleitorais não cumpridas, facilitismo no encerramento em detrimento da optimização de recursos para bem das populações, ou mesmo do turismo, são males crónicos dos diferentes governos. Desinteresse, falta de coragem, o que lhe queiram chamar, mas normalmente quem sofre é quem mora no interior. E o país empobrece.

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